segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Cidades Online


Governo boicota debate sobre o Pacto pela Vida



O Governo do Estado de Pernambuco boicotou, mais uma vez, o debate sobre o Pacto pela Vida, na manhã desta segunda (30), durante reunião pública promovida pela Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Apesar dos números alarmantes de homicídios e do convite enviado há cerca de quinze dias, a Secretaria de Defesa Social não enviou representante para o encontro, se limitando a comunicar a impossibilidade de comparecimento do secretário Alessandro Carvalho, por ofício, 15 minutos antes do início da reunião.




Para o deputado Silvio Costa Filho (PTB), líder da Bancada de Oposição, a postura é um completo desrespeito com o Poder Legislativo, com a sociedade civil e com a população. “Desde o início do ano estamos denunciando o crescimento desses números (de homicídios), mas o Governo vem evitando qualquer discussão. Estamos ainda em novembro, e já registramos 3.444 casos de assassinatos, mais do que em todo o ano passado. Nos últimos dois anos, os números da violência só fizeram aumentar”, declarou o parlamentar.

De acordo com o presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe), Francisco Rodrigues, atualmente a única coisa que interessa à SDS são as metas das planilhas do Governo. “Essas metas estão sendo cumpridas com a prisão de vendedor de CD pirata, enquanto infelizmente morrem mais de 300 pessoas por mês em Pernambuco, mais que qualquer atentado terrorista na Europa”, destacou.


PMPE: A terceira mais mal paga do País

Representando praças, cabos e soldados da Polícia Militar, o presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco (ACS-PE), Alberisson Carlos da Silva, afirmou que a PM pernambucana é a terceira corporação mais mal paga do País, além de mal equipada também. “Há três anos o Estado não fornece fardamento para os policiais, a infraestrutura nos quarteis é precária e as viaturas estão sucateadas”, relatou.

Segundo o deputado Romário Dias (PTB), o Estado vive hoje um verdadeiro caos na área de segurança. “O Governo finge que dá condições às polícias, as polícias fingem que protegem o cidadão e a população finge acreditar que o Estado lhe garante segurança”, criticou.

Representando o Ministério Público de Pernambuco, o promotor Fernando Barros reforçou a necessidade de participação de todos no debate sobre a segurança. “O Pacto pela Vida não é uma questão de Governo ou de Oposição, é uma questão de toda a sociedade pernambucana”, destacou.

Para Edilson Silva (Psol), a ausência do Governo é um desrespeito completo ao Poder Legislativo, assim como a toda a sociedade. “Esse ato de hoje se soma a outro momento, quando o Governo se recusou a participar de uma mesa de diálogo na Comissão de Cidadania, após acordo fechado nessa casa com a participação do líder do Governo”, lembrou.“É um descaso com a população. É um governo que não respeita ninguém, nem o Poder Legislativo nem a sociedade pernambucana. Precisamos ter uma posição firme com esse Governo”, defendeu o deputado Júlio Cavalcanti (PTB).

O deputado Ossesio Silva (PRB), lamentou a ausência do Governo do encontro. “Há um ditado popular que diz: quem não deve não teme. Por que fugir desse debate num momento como esse. O que queremos é que o Governo faça o que prometeu na campanha”, destacou.

O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) foi representado pelo seu secretário-geral, Douglas Lemos, que destacou o caos da segurança pública. “Da forma como estamos, caminhamos para o colapso. O ano de 2015 revelou a falência da segurança pública e o silêncio do Governo, nesse momento, é uma verdadeira confissão de culpa”, afirmou.

O deputado Augusto César (PTB) lembrou o desaparelhamento das polícias Militar e Civil, além do Corpo de Bombeiros. “Para que possam dar segurança à população, é preciso que os policiais tenham também segurança. Afinal, todos têm família esperando em casa”, destacou o parlamentar, lembrando que apresentou projeto de lei para obrigar que todas as viaturas policiais sejam blindadas.

Ao final do encontro, o deputado Silvio Costa Filho destacou que vai apresentar novo requerimento para que o secretário de Defesa Social seja obrigado a comparecer à Alepe. “Em abril, o secretário esteve na Alepe para apresentar os planos do combate à violência. Passados oito meses e os números não param de aumentar. Se nada for feito, fecharemos o ano na casa de 4 mil homicídios e vamos recuar seis anos no combate à violência, voltando aos números de 2009”, reforçou.


NATAL SOLIDÁRIO do Hospital Miguel Arraes

O Hospital Miguel Arraes (HMA), em Paulista, integra-se à Campanha Natal Solidário, do IMIP, para arrecadar donativos às instituições que abrigam crianças e idosos. As doações feitas no HMA serão encaminhadas ao Abrigo de Idosos Santa Rita de Cássia, no bairro de Jaguarana, em Paulista. A partir desta terça-feira, 01 de dezembro, o Hospital estará recebendo alimentos, fraldas e produtos de higiene e limpeza que, ao final do mês, serão doados ao abrigo, que atende cerca de 70 idosos. As doações podem ser feitas até o dia 18 de dezembro.


Protesto dos policiais civis vai afixar 3.500 cruzes na Praça Dom Malan, centro de Petrolina

A Praça Dom Malan, onde encontra-se a Catedral de Petrolina, no centro da cidade, será o local de um protesto realizado pelo Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco) na manhã desta terça-feira (01/12). Os policiais civis afixarão 3.500 cruzes, representando as 3.500 pessoas assassinadas em Pernambuco até o mês de novembro.

O Sinpol convidou associações de bairros, sindicatos e movimentos sociais do município para participar do protesto, já que Petrolina é considerada a segunda cidade mais violenta do interior do Estado, com 125 assassinados até novembro.

Os policiais civis de Pernambuco decretaram Estado de Greve em assembleia geral ocorrida na última sexta-feira (27/11) e já iniciaram as mobilizações e visitas às delegacias com vistas a uma greve por tempo indeterminado ainda no primeiro bimestre de 2016.


Relatório de Impacto Ambiental da Mineração Floresta disponível para consulta no Portal da CPRH

 Interessados podem consultar o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do projeto Mineração Floresta e ter acesso aos detalhes desse documento no portal da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), no endereço www.cprh.pr.gov.br. O empreendimento prevê a instalação de uma mineradora nos municípios de Floresta e Carnaubeira da Penha, sertão de Pernambuco, para a produção de minerais com destaque para ilmenita -  mineral encontrado em rochas, usado na produção de tintas de alta qualidade, a partir da lavra de depósitos minerais.

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O projeto, em análise no órgão ambiental, é desenvolvido através da Mineração Floresta S/A, empresa subsidiária da Casaforte Mineração, e tem como objetivo a exploração de depósitos de minério de ilmenita para produção de dióxido de titânio, que é um  mineral que apresenta elevada resistência à corrosão e, por isso, utilizado na fabricação de vários equipamentos industriais.

 Audiência Pública – A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) convida a sociedade a participar do processo de licenciamento ambiental projeto Mineração Floresta, através de audiência pública, que será realizada dia 15 de dezembro, no Auditório João Ernesto, localizado à Rua Dom Bosco, S/N, bairro Caetano I, em Floresta. A audiência é aberta ao público em geral e é um momento para esclarecimento de dúvidas e exposição de opiniões sobre o assunto.

Na ocasião, serão apresentados estudos socioambientais da área. Os pesquisadores  avaliaram critérios técnicos e econômicos, além dos aspectos ambientais e sociais, bem como possíveis interferências nas comunidades vizinhas. As informações sobre a área, os impactos ambientais, as medidas mitigadoras de impactos, o projeto de mineração, dentre outras informações estão apresentadas no Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), que serão apresentados e debatidos na audiência pública promovida pela CPRH.





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Sebrae e Ultragaz lançam programa Revenda+Objetivo é preparar as revendas em 18 meses de curso

Uma parceria entre o Sebrae em Pernambuco e a Ultragaz chega com um conjunto de soluções de melhorias em gestão de negócios, atuação comercial e identidade de marca. É o programa Revenda +, que faz parte do projeto de encadeamento produtivo do Sebrae. O objetivo é aprimorar a qualificação proporcionando, assim, oportunidades reais de crescimento da revenda. O evento de lançamento do programa acontece nesta terça-feira, dia 1º, no Internacional Palace Hotel, a partir das 17 horas.

Cerca de 30 empresas revendedoras, com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões, farão parte do programa, que terá início no próximo ano. As empresas participantes terão: orientações para o mercado; diagnóstico (Modelo de Excelência da Gestão); capacitação; consultorias especializadas por temas de gestão; desenvolvimento tecnológico e inovação (Sebraetec); reconhecimento (Top 5); clube de compras (tecnologias e equipamentos); rodada de negócios; e articulação dos stakeholders.

O programa ainda tem como focos estratégicos, políticas corporativas, inteligência competitiva, desenvolvimento da rede de revendas, acesso ao mercado e rede de aprendizagem. Os principais benefícios do programa para as empresas revendedoras são: a possibilidade de aumento da lucratividade; o domínio de conceitos de gestão e processos; o mapeamento de novas oportunidades; a capitação de mais clientes; e a possibilidade de elevação de categoria.

Serviço:
Lançamento do Programa Revenda +
Local: 
Internacional Palace Hotel
Data: 1º de dezembro de 2015
Hora: 17 horas
Informações0800 570 0800



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SECRETARIA DE IMPRENSA

Projeto de escola municipal do Recife vence etapa regional do Prêmio Professores do Brasil

Iniciativa da professora Nathalie Sena da Silva, da Escola Presbítero José Bezerra, disputa premiação nacional no próximo dia 3

            A professora Nathalie Sena da Silva, da Escola Municipal Presbítero José Bezerra, no bairro da Macaxeira, venceu a etapa Nordeste do 9º Prêmio Professores do Brasil, com o projeto "Se liga na bicharada". Inscrito na categoria Ciclo de Alfabetização, o projeto de Nathalie é a única iniciativa de Pernambuco que vai concorrer à premiação nacional, no dia 3 de dezembro. Outra iniciativa da rede municipal do Recife que obteve destaque no prêmio foi o projeto "Tenho medo, mas dou um jeito", desenvolvido na Creche Municipal João Eugênio, na Iputinga, vencedor da etapa estadual.

            Realizado pelo Ministério da Educação, o Prêmio valoriza experiências inovadoras, desenvolvidas por professores da educação básica pública, que contribuam para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. A etapa nacional vai premiar 30 experiências de todo o país, distribuídas em seis categorias, cada uma recebendo R$ 7 mil. Em cada categoria, deverá ser premiado um professor por região. A professora Nathalie Sena desenvolveu o projeto "Se liga na bicharada" com seis estudantes que apresentavam déficit de aprendizagem e faziam parte do Se Liga, projeto de correção de fluxo e combate ao analfabetismo para alunos que não se alfabetizaram na idade correta. Ela viaja para Brasília na madrugada nesta terça (01/12), junto com a diretora da Escola Municipal Presbítero José Bezerra, Adeluzia Faria.

            Alex Costa da Silva, Eduardo Ferreira da Silva, Rogério Barros da Silva Fonseca, Kevin Walker da Silva, Luiz Claudio da Silva Rodrigues e Thalita dos Santos Correia, que tinham entre 10 e 12 anos, foram orientados pela educadora a iniciar a leitura por meio de livros paradidáticos. Baseado no livro "O sapo que engoliu a lua", do escritor Celso Antunes, o grupo escreveu e ilustrou seu próprio livro, com o título "O sapo e a escada". A obra foi bordada pelos alunos, com linhas, agulhas e tecidos recebidos em doações, sendo finalizada após oito meses de aulas. "O mais impressionante é que eles não sabiam ler, nem escrever. Eu percebi que eles se identificaram mais com o alfabeto de animais e surgiu o livro", afirma Nathalie.

            A educadora contou com o suporte dos livros didáticos do Programas Manuel Bandeira e Nas Ondas da Leitura, da Secretaria de Educação do Recife. O trabalho já havia conquistado o segundo lugar na 20ª edição do Ciência Jovem, em 2014, na categoria Educação Cientifica. Além disso, a professora Nathalie Sena ganhou o primeiro lugar na categoria Educação Científica da 18ª edição do mesmo evento, em 2012, com o trabalho Se Liga na Poesia de Gonzaga, baseado nas composições de Luiz Gonzaga.

Destaque - Por sua vez, o projeto "Tenho medo mas dou um jeito", desenvolvido na Creche Municipal João Eugênio, no bairro da Iputinga, venceu a etapa estadual do 9º Prêmio Professores do Brasil na categoria Creche. Ao constatar que as crianças chegavam à unidade de ensino muito inseguras, a equipe formada pela professora Mirtes Ramos e pelos auxiliares Walter Mauro e Joanita de Paula pensou numa maneira de estimular os alunos a lidarem melhor com seus medos. "Elas tinham insegurança de ficar sozinhos nas salas e na hora de ir ao banheiro", conta Walter.

            Como as crianças gostam muito de histórias infantis que tratem de bruxas e monstros, a ideia foi trabalhar o tema a partir desses elementos, fazendo a ligação com o medo de escuro, de ir ao banheiro ou ficar na sala a sós. "Isso foi feito por meio de dramatizações, contação de histórias e murais. Levamos até carrancas e fizemos a 'casa da bruxa' para estimular os alunos a enfrentarem seus medos. Eles desenvolveram mais autonomia e os pais notaram a diferença", afirma.



 Projeto de escola municipal do Recife vence etapa regional do Prêmio Professores do Brasil

Iniciativa da professora Nathalie Sena da Silva, da Escola Presbítero José Bezerra, disputa premiação nacional no próximo dia 3

            A professora Nathalie Sena da Silva, da Escola Municipal Presbítero José Bezerra, no bairro da Macaxeira, venceu a etapa Nordeste do 9º Prêmio Professores do Brasil, com o projeto "Se liga na bicharada". Inscrito na categoria Ciclo de Alfabetização, o projeto de Nathalie é a única iniciativa de Pernambuco que vai concorrer à premiação nacional, no dia 3 de dezembro. Outra iniciativa da rede municipal do Recife que obteve destaque no prêmio foi o projeto "Tenho medo, mas dou um jeito", desenvolvido na Creche Municipal João Eugênio, na Iputinga, vencedor da etapa estadual.

            Realizado pelo Ministério da Educação, o Prêmio valoriza experiências inovadoras, desenvolvidas por professores da educação básica pública, que contribuam para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. A etapa nacional vai premiar 30 experiências de todo o país, distribuídas em seis categorias, cada uma recebendo R$ 7 mil. Em cada categoria, deverá ser premiado um professor por região. A professora Nathalie Sena desenvolveu o projeto "Se liga na bicharada" com seis estudantes que apresentavam déficit de aprendizagem e faziam parte do Se Liga, projeto de correção de fluxo e combate ao analfabetismo para alunos que não se alfabetizaram na idade correta. Ela viaja para Brasília na madrugada nesta terça (01/12), junto com a diretora da Escola Municipal Presbítero José Bezerra, Adeluzia Faria.

            Alex Costa da Silva, Eduardo Ferreira da Silva, Rogério Barros da Silva Fonseca, Kevin Walker da Silva, Luiz Claudio da Silva Rodrigues e Thalita dos Santos Correia, que tinham entre 10 e 12 anos, foram orientados pela educadora a iniciar a leitura por meio de livros paradidáticos. Baseado no livro "O sapo que engoliu a lua", do escritor Celso Antunes, o grupo escreveu e ilustrou seu próprio livro, com o título "O sapo e a escada". A obra foi bordada pelos alunos, com linhas, agulhas e tecidos recebidos em doações, sendo finalizada após oito meses de aulas. "O mais impressionante é que eles não sabiam ler, nem escrever. Eu percebi que eles se identificaram mais com o alfabeto de animais e surgiu o livro", afirma Nathalie.

            A educadora contou com o suporte dos livros didáticos do Programas Manuel Bandeira e Nas Ondas da Leitura, da Secretaria de Educação do Recife. O trabalho já havia conquistado o segundo lugar na 20ª edição do Ciência Jovem, em 2014, na categoria Educação Cientifica. Além disso, a professora Nathalie Sena ganhou o primeiro lugar na categoria Educação Científica da 18ª edição do mesmo evento, em 2012, com o trabalho Se Liga na Poesia de Gonzaga, baseado nas composições de Luiz Gonzaga.

Destaque - Por sua vez, o projeto "Tenho medo mas dou um jeito", desenvolvido na Creche Municipal João Eugênio, no bairro da Iputinga, venceu a etapa estadual do 9º Prêmio Professores do Brasil na categoria Creche. Ao constatar que as crianças chegavam à unidade de ensino muito inseguras, a equipe formada pela professora Mirtes Ramos e pelos auxiliares Walter Mauro e Joanita de Paula pensou numa maneira de estimular os alunos a lidarem melhor com seus medos. "Elas tinham insegurança de ficar sozinhos nas salas e na hora de ir ao banheiro", conta Walter.

            Como as crianças gostam muito de histórias infantis que tratem de bruxas e monstros, a ideia foi trabalhar o tema a partir desses elementos, fazendo a ligação com o medo de escuro, de ir ao banheiro ou ficar na sala a sós. "Isso foi feito por meio de dramatizações, contação de histórias e murais. Levamos até carrancas e fizemos a 'casa da bruxa' para estimular os alunos a enfrentarem seus medos. Eles desenvolveram mais autonomia e os pais notaram a diferença", afirma.




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CARTA ABERTA À SOCIEDADE BRASILEIRA

O Brasil precisa abrir escolas, não fechá-las

BETINHO JOSÉ ALBERTO ( josedaradio@gmail.com)


O direito à educação está distante de ser consagrado no Brasil. Mais de 3,5 milhões de crianças e adolescentes, de 4 a 17 anos, estão fora da escola. Segundo a Constituição Federal, com o advento da Emenda 59/2009, todos os brasileiros nessa faixa-etária devem estar matriculados até 2016 – e dificilmente isso ocorrerá. Além das demandas estabelecidas pela Carta Magna, até 2024, o Plano Nacional de Educação (PNE) determina a necessidade de criação e manutenção de mais de 3,4 milhões de matrículas em creche e mais de 13 milhões de matrículas para a alfabetização de jovens e adultos.

Os desafios nacionais são enormes, advém de dívidas sociais históricas e precisam ser enfrentados. A educação é um direito fundamental, parte essencial da cidadania e está listada como o primeiro direito social no artigo sexto da Constituição Federal.

Consagrar o direito à educação exige a abertura de escolas, além da qualificação urgente das matrículas, com a garantia de um padrão mínimo de qualidade – conforme determina o PNE por meio do Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) e demanda o parágrafo primeiro do artigo 211 da Carta Magna. Em vez disso, em todo território nacional, é verificado o fechamento de turmas e escolas, da creche ao ensino médio, nas cidades e no campo, com forte ênfase na Educação de Jovens e Adultos (EJA). E essa medida contraproducente e arbitrária tem sido empreendida em processos administrativos impostos às comunidades escolares, alheios às questões pedagógicas.

A proposta de reorganização de escolas no estado de São Paulo é mais um exemplo dessa lógica perversa que se espalha pelo Brasil. Não foi debatida junto às comunidades escolares, tampouco com a comunidade educacional e com a sociedade paulista. Pela falta de critérios técnicos e de um documento público que justifique a medida, tudo indica que é uma ação orientada à redução de custos e de desresponsabilização do Estado com a oferta de matrículas, pressionando a transferência de responsabilidades aos municípios.

Diante desse fato, a rede da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que há 16 anos luta ininterruptamente pela garantia do direito à educação no país, manifesta seu apoio aos estudantes paulistas que ocupam suas escolas, legitimamente amparados pelo sistema de justiça, que até aqui tem negado – quase sempre – os pedidos de reintegração de posse ao Governo do Estado. Os estudantes estão dando uma verdadeira aula de cidadania e luta pelo direito à educação.

Desse modo, a Campanha repudia o fechamento arbitrário de mais de 90 escolas públicas no Estado de São Paulo, sob o argumento de uma “reorganização” baseada na separação das escolas por nível de ensino. E reitera que é inaceitável o fato de que não foram amplamente divulgadas as justificativas técnicas que embasam estruturalmente a proposta. Até o momento, graças à Lei de Acesso à Informação, apenas veículos de imprensa tiveram acesso a essas informações. E segundo consta, elas evidenciam a ausência de racionalidade pedagógica.

A posição da Campanha Nacional pelo Direito à Educação no caso de São Paulo, e em qualquer processo que resultará no fechamento de escolas em qualquer lugar do Brasil, é consonante com o princípio de respeito às opiniões das crianças e dos adolescentes no que se refere a seus direitos e com as premissas do direito à educação estabelecidas nos principais documentos de direitos humanos internacionais, em especial com os artigos 12, 15, 28 e 29 da Convenção dos Direitos da Criança da ONU. Todos esses ditames estão refletidos na legislação brasileira no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA e também com as metas e estratégias contidas no Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/14), afora o direito fundamental à participação asseverado na Constituição Federal. A negociação e as consultas devem também ser prática corrente no tocante ao fechamento de escolas e turmas da modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na qual, desafortunadamente, o encerramento de matrículas é prática frequente. E isso explica o fato de o Brasil ter mais 13 milhões de analfabetos com mais de 15 anos.

Mais do que fechar cerca de 90 escolas, a atual proposta de “reorganização” do ensino atingirá mais de 1.500 estabelecimentos, prejudicando estudantes, suas famílias e milhares de profissionais da educação. A análise dos poucos dados existentes demonstra que seria possível reorganizar escolas, porém negociando com todos os envolvidos, sem fechar estabelecimentos. É isso que se espera da gestão pública: promover direitos, não limitá-los. A Campanha Nacional pelo Direito à Educação sugere, portanto, aos estudantes e ao Governo do Estado de São Paulo, esse caminho: nenhuma escola deve ser fechada. Ao contrário, todas devem ser melhor geridas, de modo democrático.

Ao visitar as ocupações e dialogar com os estudantes, a rede da Campanha Nacional pelo Direito à Educação externa sua preocupação com a forma como se dá a presença da Polícia Militar nas unidades escolares ocupadas. Já ocorreram conflitos e há risco constante de que os estudantes sejam vítimas de acuamento e atos violência. Qualquer tentativa de calar os alunos ou as comunidades escolares por meio da intimidação ou da força só aumenta a violação dos direitos humanos. Ademais, desnuda a forma truculenta como o Governo do Estado de São Paulo tem tratado do assunto, em um jogo incansável de contrainformação, tentando jogar estudantes contra professores e pais contra alunos por meio de pressão de ordem administrativa. Nesse momento, é preciso diálogo, com base na promoção dos direitos educacionais.

Alinhada com os posicionamentos públicos das faculdades de educação da USP, UFSCar, Unicamp e com o colegiado da Unifesp, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação insiste que o problema que se enfrenta em São Paulo deve chamar a atenção de todo país.

Entre 2002 e 2014, mais de 40,7 mil escolas do campo foram fechadas. Apenas em 2014, segundo análise do Censo Escolar produzida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), 4 mil escolas do campo foram fechadas. A Bahia (872 unidades), o Maranhão (407) e o Piauí (377) lideraram o fechamento de escolas nas áreas rurais em 2014. Inclusive, fica evidente a necessidade de legislação para tratar do assunto, no âmbito das diretrizes e base da educação nacional. O país deve evitar e problematizar o fechamento de escolas.

Ao estabelecer contato com os jovens e adolescentes que ocupam suas unidades escolares e ao analisar o cenário brasileiro, a rede da Campanha Nacional pelo Direito à Educação manifesta seu apoio integral aos estudantes que ocupam centenas de escolas paulistas, não apenas defendendo seu direito à matrícula e à manutenção de suas unidades escolares, mas também reivindicando estabelecimentos públicos que ofertem qualidade da educação. Que suas lutas inspirem todo o Brasil a debater, com profundidade, as políticas educacionais, constrangendo e encerrando a prática equivocada do fechamento de escolas.
CAMPANHA NACIONAL PELO DIREITO À EDUCAÇÃO
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